O diálogo, até nos seus silêncios, é fascinante, mas há também a destacar um inteligente trabalho de montagem dos excertos dos filmes. Um exemplo: quando Rivette diz que não quer, despudoradamente, violar o actor, penetrar na sua intimidade, Claire Denis introduz como possível contradição a cena de L'Amour fou em que Jean-Pierre Kalfon rasga as roupas com uma lâmina e depois com uma tesoura. Outro: não é na altura em que Rivette fala da música de Piazzola a acompanhar o percurso de motocicleta de Pascale Ogier em Le Pont du Nord, olhando para as estátuas de leões, que vemos essa sequência; ela aparecerá mais tarde, quando Rivette compara a novidade da Nouvelle Vague ao Impressionismo. Porquê? Só pode ser porque a sequência dos leões é antecedida de um plano de Bulle Ogier com o metro em baixo que inegavelmente cita La Gare Saint-Lazare de Manet:


1 comentário:
Tão bonito.
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