terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Spectre

Entro em estágio-Rivette, patrono deste blogue. É já em Fevereiro que começa o ciclo da Cinemateca, que promete a integral das longas-metragens. Dos primeiros filmes a exibir já vi todos tirando o Duelle: os mais difíceis passaram não há muito tempo no ciclo das longuíssimas metragens. Adorava poder rever entre outros o Amour Fou, agora na sala grande, mas temo que me impeçam motivos (como soi dizer-se) profissionais - talvez dê para ver as duas últimas horas, se me deixarem entrar.
Entretanto, uma dúvida persistente e pessimista vai-me roendo: será que na continuação do ciclo passarão de facto as longas-longas ou só a sua versão curta? É que a obra de Rivette é em muitos casos dupla - há o filme e o seu fantasma. Há Out 1 - Noli me tangere (quase 13 horas) mas também Out 1 - Spectre (mais de quatro); há a versão completa de L'Amour par terre (em dvd) e a truncada que estreou comercialmente; há La Belle Noiseuse e La Belle Noiseuse - Divertimento; finalmente, há Va Savoir e Va Savoir +. A dúvida cresce quando leio na programação de Fevereiro que a versão longa de Out 1 [e não "Out One", como erradamente se escreve: é o próprio Rivette quem diz que só o "out" é em inglês, o 1 é na língua que se estiver a falar. Já agora, também o título do novo filme está mal escrito: é Ne touchez pas la hache, e não "à la hache"] só foi exibida uma vez - é que tem sido mostrada nos vários ciclos Rivette que se fizeram o ano passado, como por exemplo no Centro Pompidou.
O Alexandre Andrade pertence ao diminuto subconjunto de portugueses que viu - julgo que em vídeo (eu até tenho aqui os vê-agá-esses, mas ainda não tive vagar...) o Noli me tangere. Não sei se haverá outra oportunidade de fazer crescer este número para valores que Langlois considerasse maravilhosos. E se exibirem o Va Savoir + eu prometo que pago as quotas em atraso. Já agora, se não for pedir muito: como vai haver, já este mês, o Jean Renoir, le patron (filme de Rivette sobre Renoir para a série Cinéastes de Notre Temps) rezo para que haja o Jacques Rivette, le veilleur (filme de Claire Denis sobre Rivette, que conversa com Daney).
Rivette diz que a rodagem de um filme é um complot. E um ciclo Rivette não pode deixar de sê-lo - mas teremos, antes do genérico final, acesso a todas as peças que permitam reconstituir o mistério? Eu enfiei na garrafa a minha carta, movi hesitante a minha peça: é um peão, mas quem sabe o seu futuro.

1 comentário:

Anónimo disse...

ferris bueller, you're my hero.