quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

A maior parte do tempo

Não resisti a tentar a tradução da letra do Bob Dylan que o Pedro disse que era muito difícil. Também achei que era, e não consegui mais do que isto - talvez cá volte. De facto não é só manter as rimas, é não deixar que o registo fuja da banalidade, manter a cabeça baixa, não me armar em esperto. Não sei se ajudou conhecer menos do Dylan do que a Dona Emília. De qualquer modo esta é uma tradução-tradução, a versão bem-comportada e muito menos divertida disto aqui.

A maior parte do tempo
Tenho clara a visão
A maior parte do tempo
Tenho os pés bem assentes no chão
Consigo manter o rumo, ler cada sinal
Não me perder, quando vou estrada fora
Lá vou dando conta do que corre mal
Nem reparo que ela se foi embora
A maior parte do tempo

A maior parte do tempo
É certo e sabido
A maior parte do tempo
Deixava tudo assim resolvido
Consigo que tudo bata certo, resisto como posso
Consigo lidar com a situação até ao osso
Consigo sobreviver, consigo aguentar
Lembrar-me dela nem pensar
A maior parte do tempo

A maior parte do tempo
Tenho a cabeça no lugar
A maior parte do tempo
Tenho forças para não odiar
Não alimento a ilusão até ficar enjoado
Não me assusta a confusão mesmo a mais louca
Sou capaz de sorrir à humanidade
Nem sequer me lembro de sentir a sua boca
A maior parte do tempo

A maior parte do tempo
Não penso nela um segundo
Não a conhecia se a encontrasse
Está mesmo lá ao fundo
A maior parte do tempo
Certeza nem vê-la
Se alguma vez esteve comigo
Se alguma vez estive com ela

A maior parte do tempo
Ando semi-satisfeito
A maior parte do tempo
Sei exactamente o que foi feito
Não me engano a mim mesmo
Não tapo os ouvidos
A estes sentimentos cá dentro metidos
Sem cedências e sem disfarçar
Nem sequer me importa se a volto a encontrar
A maior parte do tempo.

2 comentários:

Anónimo disse...

ai que medo!

Anónimo disse...

Agora é só mandar isto ao Jorge Palma.