Cheguei a esta crítica de Michael Wood a Os Maias através do blog do Rui Tavares. Interessou-me mais a primeira parte, mais teórica, do que o cotejar das duas traduções inglesas (duvido que "mountain of Bibles" seja uma tradução melhor, ou mesmo mais literal, de "montão de Bíblias" do que "pile of Bibles"). Gostei da comparação com Flaubert e principalmente com Balzac, pondo em causa o determinismo que é suposto ser o da escrita realista. Como diz Wood, "surfaces always speak, they communicate with the depths the way a trap-door communicates with a cellar or a space beneath a stage". O clima e a aprazibilidade dos ambientes portugueses comunicam com a inacção de João da Ega e Carlos da Maia, mas não a explicam, antes se reflectem mutuamente - tal como em Balzac a pensão esquálida é espelho e modelo para a Mme. Vauquer.
Ao ler as traduções dos excertos, ao imaginar o português ali por baixo, deu-me vontade de voltar a pegar no livro (quando foi? há quase 15 anos...). Mas não o tenho, preciso de ir à procura. E lembrei-me desta história que o Olímpio contava e que lhe tinha acontecido com um cliente na Bulhosa:
- Tem Os Maias?
- Sim. (Encontrando na estante.) Há nesta edição...
- Hmm. E não tem mais pequeno?
- Também há esta edição de bolso, mas o texto é o mesmo.
- Pois... E Os Incas, tem Os Incas?
1 comentário:
Como adivinhaste tu que voltei a pegar n'Os Maias esta semana? E que estou a achar tudo tão diferente do que achei há 13 (?) anos? Encontrei-os há meses num "alfarrabista de literatura estrangeira". Comprei por orgulhozinho estúpido - era o único livro português na secção espanhola.
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