Gosto de pastinagas porque sabem a violetas e de violetas porque cheiram como as pastinagas. Se não houvesse pastinagas na terra não quereria saber de violetas para nada e se as violetas não existissem as pastinagas ser-me-iam tão indiferentes como os nabos, ou os rabanetes. E mesmo no estado actual da sua flora, quer dizer, num mundo onde pastinagas e violetas arranjaram maneira de coexistir, privar-me-ia de ambas com a maior das facilidades, a maior das facilidades.
Samuel Beckett, Primeiro Amor
Só as conhecia daqui, e agora o Daniel ensina que existem mesmo e até se podem comer fritas.
8 comentários:
Quem diria, o Beckett a falar de pastinagas...
Não sei o que me impressionou mais: se isso, se o facto de te lembrares deste fragmento. :)
Não podia não me lembrar, porque traduzi esta novela para um espectáculo dos Artistas Unidos (ainda nos tempos d'a Capital). Por isso até sabia o nome da coisa tanto em inglês como em francês, mas era só uma palavra engraçada e a ideia abstracta de uma cenoura branca: agora que sei onde encontrá-las só me falta é provar e comprovar se sabem mesmo a violetas. Acho até que ainda guardo algures, recordação da estreia, um cartão que faz de mim membro da Ordem da Pastinaga.
pastinaga é tipo assim patilhas?
Hey! uma cenoura branca?! como se diz isso em escocês? Já comi umas quantas por cá...
parsnip?
Yes, parsnips, diz o Beckett e diz o Daniel. E afinal, sabem ou não a violetas?
Nunca comi violetas. Mas sabem a qualquer coisa entre o nabo e a cenoura. Queres que te mande? Aqui também se comem em puré.
Eu também sou membro da Ordem da Pastinaga.
Não têm conta as vezes que me ri com o Miguel Borges sobre esta passagem de texto!
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