segunda-feira, 30 de junho de 2008

Final de torres

4. ... c6, claro, está corrigido: ... e6 já tinha sido jogado!
Quanto ao termo pós-moderno, o que gosto na sua aceitação por parte de Barthelme é o "à falta de uma melhor alternativa". Enquanto for "à falta de melhor", não tenho nada contra o pós-modernismo, é a categoria plena - o auto-contentamento na paródia e no pastiche, o enfado pós-histórico e pós-ideológico - que me incomoda. Hoje, felizmente, a Alemanha foi pós-moderna, com um Lahm desencantado e sem Grandes Narrativas a que se agarrar deixando-se ultrapassar por Fernando Torres, cujo gesto foi de uma clareza matissiana.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

4. Cf3 c6

Parece-me prudente transformar o gambito de dama recusado (em sentido estrito) numa defesa semi-eslava (com link, para que se perceba que eu não percebo nada disto) que assim reúna Kafka e Pavol Liska, Max Brod, Grotowski e Lukas Podolski.

P.S. Pós-modernos, os Nature Theater of Oklahoma? Isso não é coisa que se chame a ninguém!
P.S.2 Depois da investigação da Cristina a minha suspeita fica praticamente confirmada: Kafka nunca escreve "Naturteater" e é Brod que usa a expressão para titular o capítulo (talvez baseando-se em conversas com o próprio K.); no texto do cartaz, mesmo na versão de Brod, a expressão não ocorre; foram os NTO quem fez essa alteração mínima e conveniente na tradução que apresentam no seu site (pós-modernices? inclino-me mais para a saudável aldrabice que todos os artistas devem praticar em maior ou menor grau).

Sete Manias

1. mania de que é preciso gostar do texto que se encena.
2. mania de que a encenação é a arte da coerência.
3. mania de que o palco é um lugar assim chamado.
4. mania de que se a marcação existe é para se ver.
5. mania de que não há razão nenhuma para que o corpo dos actores e os cenários não sejam mentirosos.
6. mania das coisas praticáveis.
7. mania das coisas significativas.
Luís Miguel Cintra
Do programa de Anfitrião de António José da Silva pelo Grupo de Teatro da Faculdade de Letras, Março de 1969

O palco é um lugar assim chamado

Manual e manifesto: um clássico sobre o teatro do século XX

Peter Brook
O Espaço Vazio
Orfeu Negro, 2008,
trad. Rui Lopes,
213 págs.

Quando O Espaço Vazio foi publicado, quarenta anos antes desta rigorosa primeira tradução em Portugal, Peter Brook não era a estrela do teatro multicultural em que se tornaria. Mas estava num lugar único para fazer um diagnóstico: entre Shakespeare com os maiores e uma criação colectiva sobre o Vietname; desde investigar o Teatro da Crueldade de Artaud a considerar Brecht “a figura-chave do nosso tempo”. O Espaço Vazio resulta desta posição privilegiada e eclectismo. Sabe que ficará datado, mas continua a ser um retrato vivo de um século de tensões.
Brook descreve quatro tipos de teatro (um por capítulo): do Aborrecimento Mortal, Sagrado, Bruto e Imediato. O primeiro é o inimigo que espreita sempre, e não só no teatro comercial ou nas produções bem-comportadas dos clássicos; o segundo e o terceiro são correntes activas mas com limitações; o quarto é o que Brook reserva para si, ao mesmo tempo síntese e ponto cego: a expressão “Teatro Imediato”, no capítulo correspondente, só ocorre no título.
A dicotomia Sagrado vs. Bruto é poderosa: se um quer tornar visível o invisível, explorando as paisagens interiores e podendo aspirar a um sacerdócio, o outro é sujo e festivo, lugar por excelência do político. De um lado Artaud, Grotowski, Beckett (higienizado para caber aqui); do outro Brecht. Há saída desta dialéctica? “Em Shakespeare, temos Brecht e Beckett irreconciliados.” Brook procura um novo teatro isabelino, uma relação com o público necessária e ambiciosa. Serve-se de todos os meios disponíveis para chegar ao “teatro da alegria, da catarse, da celebração, da exploração, o teatro do sentido partilhado, o teatro vivo”. Estamos longe do ascetismo que a expressão “espaço vazio” sugere e a que se costuma reduzir o teatro de Brook. A imagem aparece no gesto de nomeação inicial (qualquer espaço pode ser um palco), mas só ocasionalmente reemerge ao longo do livro: o vazio é para preencher, com muito ou pouco, condição de possibilidade e não resultado.

[Expresso-Actual, 21.06.08]

Relances sonâmbulos

Cyd Charisse (1922-2008) - Não vi esse Party Girl de Nicholas Ray de que falam os verdadeiros cinéfilos, mas acho que ninguém mencionou o melancólico It's Always Fair Weather, a que assisti há uns tempos na Cinemateca (às 3 e meia, como é bom fingir que não se tem nada para fazer e ir ver um filme assim a meio da tarde...). Antes de o ver, a única imagem que tinha era uma foto a preto e branco na pág. 23 de Jacques Rivette - Secret Compris, do número de dança no ringue de boxe, com as famosas pernas bem em evidência. E já antes de ver o filme adivinhava a importância destas palavras de Hélène Frappat não só para o musical mas para todo o cinema que se joga entre mundos heterogéneos: "La comédie musicale ne pose pas d'autre question: comment l'acteur glisse-t'il du naturel de la vie à l'artifice de l'art, de la gestuelle maladroite (quotidienne) à la grâce (miraculeuse) du ballet? Comment devient-on Cyd Charisse?" A pergunta retine ainda.

Albert Cossery (1913-2008) - Nunca li uma única dessas frases escritas mensalmente, mas depois de o ter visto nesta foto postada pelo Zé Mário tenho a certeza de o ter visto: nas escadas desse mesmo hotel La Louisiane onde pelos vistos morava há décadas (e aparentava-o). Lembras-te, Zé Maria?

Klaus-Michael Grüber (1941-2008) - Também não vi um único espectáculo seu (a única vez que um veio a Portugal foi em 1992, tenho alguma desculpa). E não me lembro agora de fotos, mas há pelo menos uma imagem vívida que o Jorge me descreveu: a de espectadores enregelados apesar das mantas no estádio olímpico de Berlim deserto, com Michael König (que conheço só do Ninguém duas vezes) ao longe a correr na pista, nesse Winterreise de 1977. Nesta terra em que ninguém dá por nada, imprescindível o obituário feito por Augusto Seabra.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

No Dice 3

Depois de, num espaço de duas semanas, encontrar na rua por duas vezes e por acaso Pavol Liska (um dos directores do Nature Theater of Oklahoma), isto em duas cidades diferentes, não me surpreende que as coincidências relativas aos criadores de No Dice atinjam também a blogosfera portuguesa.
Foi assim que:
1. O Alexandre citou uma frase do jogador da Alemanha Lukas Podolski (ainda antes daquele cruzamento para o Schweinsteiger), que terá dito "O futebol é como o xadrez, mas sem os dados". Ora não tenho dúvidas de que depois de comparar os dois desportos, o jogador do Bayern de Munique se preparava para dissertar sobre o espectáculo dos Nature Theater (em inglês: "Football is like chess. But No Dice..."), que certamente não perdeu quando se apresentou em Novembro passado no festival Spielart da cidade onde trabalha - mas isto foi antes de ser boçalmente interrompido por praticantes do gotcha-jornalismo.
2. A Cristina citou primeiro em alemão e depois em tradução portuguesa o cartaz que figura no romance inacabado de Kafka e que dá o nome à companhia de Nova Iorque. Comparando com a tradução inglesa que o NTO apresenta no seu site, ao mesmo tempo explicitação da origem e manifesto, é fácil ficar intrigado com a ausência da palavra "nature" no original e em português (ou com a sua presença no inglês): fala-se só de "grande Teatro de Oklahoma", e não de "great Nature Theater of Oklahoma". Onde se terá metido o "Naturteater"? Uma breve e incompleta pesquisa ensinou-me que "Teatro Natural (?) de Oklahoma" é o título do capítulo do romance onde aparece o cartaz, só que foi dado por Max Brod e não por Kafka. Mas será que na versão editada por Brod aparece "Naturteater" no texto do cartaz, ou só no nome do capítulo? E Kafka não revisto fala alguma vez desta "natureza"? Ou será que o NTO fez esse acrescento mínimo à tradução, como quem não quer a coisa (e em quem inventou que havia uma versão de 11 horas do espectáculo não me espantaria esta pequena manipulação)? O que é certo é que Benjamin, no seu Kafka (Hiena, trad. Ernesto Sampaio) de que a Cristina também falou, dá importância exactamente a essa característica do Teatro de Oklahoma:
mau actor será quem, por não estudar devidamente o seu papel, se esquece das palavras ou dos gestos que a representação requer. Para os membros da companhia de Oklahoma, porém, esse papel é a vida precedente de cada um. Daqui a "natureza" deste teatro natural. Os seus actores são seres redimidos. (p. 63)
E não é No Dice, ao pôr em cena conversas telefónicas de membros da companhia com amigos e familiares, precisamente esse teatro da "vida precedente de cada um"? É aliás com estas palavras de Kelly Copper, a co-directora, que termina o artigo do New York Times citado abaixo: “'We are taking it as seriously as possible; it’s our life,' she said. 'If it is a joke, it’s a serious joke.'” Como o humor de Kafka.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Aos dezasseis, só de uma vez

[Seguindo a jurisprudência estabelecida por alguns outros bloggers, aqui fica a recensão que escrevi para o último Actual do Expresso (07.06.08)]

Relâmpagos ao longe nesta nova tradução de uma novela clássica

Ivan Turguénev
O Primeiro Amor
Relógio d’Água, 2008,
trad. Nina Guerra e Filipe Guerra,
112 págs.

Depois do jantar já só restam o anfitrião e dois convidados. Combinam contar a “história do seu primeiro amor”, mas só o de Vladímir Petróvitch Voldemar “não foi nada vulgar”. É assim que Turguénev prepara os leitores da novela de 1860 O Primeiro Amor. A história de amor adolescente surge enquadrada pelos mais de vinte anos decorridos desde aquele Verão de 1833. E há outra mediação, não é a transcrição do relato de Vladímir Petróvitch naquela noite que leremos: este será adiado por duas semanas para poder ser escrito, de modo a que não saia “curto e seco, ou então longo e falso”, numa recusa da ficção de oralidade que ao mesmo tempo premedita a própria extensão da novela – entre o conto e o romance.
Vladímir, de 16 anos, apaixona-se por Zinaída, de 21, que vem morar com a mãe, uma princesa arruinada, para o anexo vizinho à casa de campo dos Voldemar. No extraordinário capítulo em que o narrador se dá conta do novo sentimento, entre uma festa inebriante e a noite passada em claro, até a meteorologia colabora. Mas o texto subverte a analogia romântica entre espírito e natureza e não nos dá uma tempestade desabando em som e fúria sobre o protagonista. Esta é “muito longínqua, nem sequer se ouviam os trovões, apenas se acendiam no céu a cada instante os relâmpagos baços, compridos, como que ramificados: nem tanto se acendiam como tremeluziam e tremulavam como a asa de uma ave moribunda.” O cliché recua até à linha do horizonte, faz-se filme mudo no ecrã da janela e culmina num prenúncio de morte.
A novela depende em absoluto do ponto de vista de Vladímir. E a beleza do texto reside na falta de perspicácia do narrador, que só no final percebe por quem Zinaída se apaixonou e muitas vezes se diz envolto em brumas e nevoeiros metafóricos, ao passo que ele próprio é de uma transparente inocência (“O meu poder de observação não enxergava um palmo adiante do nariz, e os esforços que fazia para esconder os meus sentimentos não enganavam pelos vistos ninguém”). O Primeiro Amor é este desequilíbrio magistral entre a opacidade do mundo e um sujeito que já não é aquele a quem “transparece na cara tudo o que lhe vai na alma”.

No Dice 2


I grew up on the Upper East Side, and when I was ten years old I was rich, I was an aristocrat, riding around in taxis, surrounded by comfort, and all I thought about was art and music. Now I'm thirty-six, and all I think about is money.
Wally (Wallace Shawn), My Dinner With André (1981)
Como Wally no filme de Louis Malle (escrito por Wallace Shawn e André Gregory), também os actores de No Dice, nos diálogos telefónicos que deram origem ao espectáculo, sabem que a vida não está fácil em Nova Iorque: audições para voice-over, uma perninha numa série televisiva russa quando se tem sorte; senão há o imobiliário, ou avaliar formulários de empregados do Walmart. [É curioso, e preocupante, que várias das companhias experimentais nova-iorquinas precisem para sobreviver do circuito europeu de festivais, um pouco como o cinema independente americano precisa de dinheiro francês.]
Mas a ponte mais evidente que se pode estabelecer entre My Dinner With André e o espectáculo dos Nature Theater of Oklahoma tem a ver com o lugar central da conversa: pessoas falam umas com as outras e nada mais acontece, só diálogos banais, ditos espirituosos, confissões, teorias. Ali em baixo falei de responsabilidade, guiado pela frase de Godard: porque é que dizemos tanta coisa que não vale a pena? E no filme de Malle há de facto um diagnóstico negativo sobre o estado da conversa em 1981:
André - (...) people are talking in symbols - everyone is sort of floating through this fog of symbols and unconscious feelings: No one says what they're really thinking about; they don't talk to each other; because I think people are really in some sort of state of fear or panic about the world we're living in, but they don't know it, and so you just hear these odd lines of dialogue that seem to come from nowhere (...)
A conversa de Wally e André atravessa e tenta dissipar este nevoeiro de símbolos (numa espécie de diálogo platónico entre dois opostos), mas pensando melhor parece-me que o NTO quis pelo contrário fixá-lo e celebrá-lo, a esse "universal cosmic murmur", sem moralismos. A peça não faz uma avaliação pessimista, ou só de raspão. Trata-se aqui da conversa como jogo, prazer do improviso, da invenção e da música particular de cada discurso, com todas as pausas e repetições e frases por acabar. É por isso que, explicaram os encenadores Pavol Liska e Kelly Copper, os actores usam auscultadores ligados a iPods durante o espectáculo, ouvindo todos a mesma montagem sonora - para que não escape nenhum "Mm hm" desta poesia que foge ao literário, ou às simplificações das rugosidades da fala que são inevitáveis em qualquer memorização ou passagem a escrito. [É interessante como os iPods, o cume da tecnologia, podem ser usados de forma barata e artesanal: no fim da primeira parte há desfasamentos de alguns segundos entre os aparelhos dos vários actores, mas seria muito mais caro fazer com um transmissor e receptores... e toda a gente tem um iPod.]
Quase no final os actores tiram as máscaras (óculos, bigode postiço, cabeleira, chapéu de pirata e de cowboy), abandonam definitivamente os sotaques inverosímeis e falam cada um com o seu espectador, em voz baixa e compenetrada. Mas este não é o momento da sinceridade e da psicologia, aquele em que os actores falam de facto connosco (to us) - o que eles dizem são as "words of encouragement" já ouvidas duas vezes durante o espectáculo, cópia de cópia, um jogo mais: "I think good things are a'comin'". E nós acreditamos, ou fingimos com eles.

P.S.: Disse ali em baixo que havia uma versão longa de 11 horas deste espectáculo, o que é uma fabulosa mentira que todos os jornais repetem e que os próprios criadores não fazem, como pude comprovar, o mínimo esforço para esclarecer (a ideia, mencionada aliás no próprio espectáculo, não deixa por isso de ser um aceno na direcção de Rivette). Vale a pena ler este artigo do New York Times onde o mito se desfaz, que tem além disso outra explicação para o título da peça e que traça ainda um retrato do casal de encenadores, com uma dinâmica muito Straub-Huillet.
P.S.2: Os belgas tg STAN montaram há uns anos My Dinner With André no teatro. Ao contrário do cinema, era muito claro que os espectadores estavam do lado de fora: diz-me quem viu que o cheiro dos vários pratos consumidos pelos dois actores era de chorar, não por mais mas por um bocadinho que fosse.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

No Dice


Se um espectador me diz: "O filme que vi é mau", eu digo-lhe: "A culpa é tua, pois o que é que fizeste para que o diálogo fosse bom?"
Lembrei-me desta citação de Godard, que costumava estar afixada numa parede da Abril em Maio, ao ver o espectáculo No Dice dos nova-iorquinos Nature Theatre of Oklahoma, em cena até ao próximo sábado no festival Alkantara ("No dice" pode-se traduzir por "Nada feito"; e o nome do grupo vem de América de Kafka). O NTO gravou 100 horas de conversas telefónicas entre membros da companhia e amigos ou familiares, e o que ouvimos é uma montagem disso - transfigurada por um estilo de representação onde cada frase é espremida até esgotar todas as suas possibilidades melodramáticas. A conversa mais banal torna-se, num primeiro momento, absurdamente cómica, mas o mais interessante é o peso que aquelas trivialidades ganham apenas por terem sido obsessivamente registadas e incluídas num espectáculo. Faz-nos olhar para as nossas conversas de todos os dias, despreocupadas e parvas, com o grau de responsabilidade que pede Godard: a culpa é nossa.
No Dice ganha ainda 10 pontos de bónus por citar longamente Céline et Julie vont en bateau de Jacques Rivette. A maneira como o grupo trabalha a duração, deixando que cada cena se instale e conquiste a sua realidade própria, por vezes até à exaustão, já me tinha feito pensar no tempo rivettiano, mas achei que eram delírios pessoais. Só que tinha havido já uma referência a uma rapariga que trabalhava numa biblioteca de magia, e também se fala de M&M's que fazem dançar (em raccord com os rebuçados do filme, que permitem entrar na casa onde o tempo parou); e eu não prestei atenção a essas pistas até ao momento em que se recria a audição de Julie fazendo-se passar por Céline, em francês e com toda a coreografia a que temos direito. Mesmo a duração do espectáculo pode ser vista como uma homenagem a Rivette e a Out 1, com uma versão longa de 11 horas e uma versão curta (a que veio a Lisboa) de apenas 4. Que não custam nada a passar, até porque há sanduíches e bebidas refrigeradas, no início e no intervalo. Como o grupo diz no texto de apresentação, "Venham pela magia, fiquem pelas sandes de fiambre!"

Four days in Denver

Antes ainda do suspiro de alívio que foi a confirmação de Obama como nomeado dos Democratas, li um dos textos mais divertidos e inquietantes desta campanha: este argumento escrito por Lawrence O'Donnell Jr (um dos guionistas - tinha que ser - do West Wing), onde se ficciona o que todos temiam, uma Convenção Democrata ainda sem vencedor definido. Cheguei lá através do imprescindível Andrew Sullivan, onde vou buscar a minha dose diária de Obamaismo.Agora já tem, felizmente, um bocadinho menos graça, porque já se sabe que não é isto que vai acontecer.
O casal Clinton é tão maquiavélico como se imagina; Al Gore perde peso para tentar a sua sorte; os donos do partido (Dean e Pelosi) andam às aranhas e morrem de medo dos Clintons; e Michelle Obama é que salva o dia. A cena do pré-genérico (de um episódio que só passaria na televisão por cabo) é esta:

FROM THE BLACK, we hear noises, confusing sounds. Grunting? Groaning? Sex? A massage? A workout? Weight lifting? fade in on: Skin. Sweaty skin.

A buttock? Male, female? Muscular. Hair. More hair. Definitely male. REVEAL hard-core gay sex scene between a flawless blond bodybuilder-hooker and a bald, middle-aged 300-pound man. A cell phone rings. The fat man reaches for it, hits a button to stop the ringing. Back to sex. A hotel phone starts ringing. And ringing. And ringing. The fat man picks it up and hangs up to stop the ringing. It rings again immediately. The fat man tries the same trick. And it rings again immediately. Finally, the phone wins. As the fat man talks on the phone, the hooker continues to do his job.

Fat man: Yeah … Harold, can I call you ba— … Uh-huh … I still haven’t deci— … This really isn’t a good time for— … Please. I have to— … I just— … I need— … (Desperate to get back to sex, gives up.) Okay … Yes, I’m saying yes … No, you can’t announce it yet … I’m giving you my word … I’ve got to hang up now … Okay. (Hangs up.)
Hooker (looking up from his work): Are you a superdelegate?

Mas o momento mais forte tem lugar durante o showdown a sós entre Barack e Hillary, onde aquele mostra que pode ser tão impiedoso quanto os Clintons:

Barack: I don’t care how many ballots you want to put us through. I don’t care if this convention takes two weeks. I came here to win, and that’s what I’m going to do. Nothing will make me back down. Nothing will make me take the number-two spot. Nothing. You’re up against someone who is prepared to do as much damage as you are. (beat) And the press is gonna blame you for all of it.

How do you like them apples?

Alexandra,

A mim sempre me pareceu que a cena do bosque do North by Northwest,

a tal que a MGM queria cortar, lembrava muito este quadro do Magritte (Carte Blanche):

E o traje da cavaleira não está assim tão distante do figurino da Eva Marie Saint, chapéu incluído!