sábado, 6 de fevereiro de 2010

Viva a nouvelle critique

O Público inventou a nova crítica de cinema: Invictus tem direito a uma página inteira no P2 (acabaram-se as queixas sobre a falta de espaço para a crítica) e os autores concluem inequivocamente que "uma boa história, óptimos actores e um realizador com provas dadas" resultam num filme que "acabou por saber a pouco". Luís Miguel Oliveira, Mário Jorge Torres, arrumem as botas e os teclados. Não há mais nada que um espectador precise de saber antes de subir as escadas rolantes que vão do parque de estacionamento à bilheteira. É verdade que faltou a classificação de zero a cinco, mas não é difícil lá chegar: um carro de 2005 num filme que se passa em 1995, umas jogadas de râguebi inverosímeis e um envenenamento dos All Blacks que a intriga não contempla chegam para descontar três pontos, e um algoritmo simples diz-nos que este é um filme de duas estrelas (e acabam-se as hesitações). Adeus comentários histéricos no Ípsilon online, até à vista acusações de elitismo, finalmente uma crítica de cinema justa, objectiva, próxima do espectador. Mal posso esperar para ver o mesmo método infalível aplicado a uma encenação de Shakespeare, a um romance de Bolaño, a uma canção de Guillul. Deve ser por isto que não sai uma crítica de teatro há duas semanas: andam a contar erros, a comparar notas, a elaborar gráficos. Hurrah.