sábado, 13 de outubro de 2007

Sobe e desce

Ontem, na contracapa do Público, punham o Al Gore com uma setinha para baixo. Há dias em que mais vale nem sair de casa.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Walk and Talk

A assinatura da série é a simbiose entre os diálogos jazzísticos de Sorkin e a vertigem dos travellings de Thomas Schlamme acompanhando os movimentos das personagens pelos corredores da ala oeste. Palavra e mise en scène na mesma respiração. Um professor meu falaria talvez em dimensão peripatética... Cite-se então o início do Fedro, no seu "passeio até lá fora das muralhas":

SÓCRATES Tenho a certeza de que Lísias te regalou com a sua eloquência!
FEDRO Contar-te-ei, se nada te impedir de me acompanhar e escutar.
SÓCRATES Mas que ideia! Não te parece que eu sou, como diz Píndaro, um homem disposto a sacrificar todos os impedimentos ao cuidado de ouvir narrar a conversa que Lísias e tu tivestes?
FEDRO Nesse caso, acompanha-me! [Ou, como diria Leo, "walk with me!"]


Gosto especialmente da auto-reflexividade deste diálogo (série 4, episódio 10) entre Josh e Donna, no caminho que vai do escritório daquele até à Mural Room:

JOSH What do you think about this Vickie Hilton problem?
DONNA I think you know what I think.
JOSH No, I mean about whether it's right for the White House to be involved.
DONNA That's a harder question. I've been thinking about it and...
JOSH You've got to go faster next time. I'm here already.
DONNA Yeah.

Are you talking to me during "The Jackal"?

Em plena fase Aaron Sorkin, descobrindo aos poucos o Studio 60 no FX e consumindo doses industriais de West Wing. Post hoc ergo propter hoc. E vice-versa.

Flora e Literatura

Gosto de pastinagas porque sabem a violetas e de violetas porque cheiram como as pastinagas. Se não houvesse pastinagas na terra não quereria saber de violetas para nada e se as violetas não existissem as pastinagas ser-me-iam tão indiferentes como os nabos, ou os rabanetes. E mesmo no estado actual da sua flora, quer dizer, num mundo onde pastinagas e violetas arranjaram maneira de coexistir, privar-me-ia de ambas com a maior das facilidades, a maior das facilidades.
Samuel Beckett, Primeiro Amor

Só as conhecia daqui, e agora o Daniel ensina que existem mesmo e até se podem comer fritas.

Teatro e Nevoeiro

Muchas cosas que sé de teatro, las sé por el fútbol. Una caja de resonancias: pasional, histórica y política. Trasciende, permite identificaciones. El juego mismo, sus límites, el espacio. Cómo el espacio determina la forma del juego. Es distincto ver un partido en la Bombonera que en la cancha de River. La Bombonera es más física, porque estás inclinado sobre el campo, todo está más cerca, está más comprimido, en la cancha de River el espacio se abre, entonces es necesario un juego más "elástico". A veces hay niebla en la cancha. Se hace difícil "jugar". Las distancias cambian. Se cree estar haciendo un juego y en realidad está pasando otra cosa.
Ricardo Bartís, actor e encenador argentino
"Conexión de mundos" in Cancha con Niebla - Teatro perdido: fragmentos